segunda-feira, 18 de abril de 2016

aprender a lidar com pessoas tóxicas

estive com uma colega, na hora do almoço, que demonstrou uma atitude muito tóxica. 
tudo nela transparecia agressividade e revolta, a começar pela fisiologia, até passar pelas palavras e tom de voz, numa energia muito "vermelha". a situação que a estava a afetar, nem sequer tinha a ver com ela diretamente, mas com outros colegas (um assessment de competências, com objetivo de desenvolvimento pessoal). ela estava a aproveitar a situação para projetar um resultado futuro que a poderia incluir, e que não se adivinhava nada positivo.

de que forma isto influenciou o meu estado interno e a minha fisiologia?
como o tema, de certa forma, tinha a ver com um projeto em que estou envolvida, comecei a sentir-me nervosa e ruborizada, o ritmo cardíaco mais acelerado e alguma insegurança para lidar com a situação. como havia outra colega empática com esta situação, gerou-se uma situação “2 para 1” e eu a pensar:

qual a melhor estratégia a adotar para lidar com esta situação?
então, comecei a fazer rapport, tentando alinhar a minha postura à dela (costas mais direitas e queixo erguido, tom de voz mais rápido e convidei-a a ver a situação não como uma ameaça mas como uma oportunidade. de certa forma, senti-me melhor e mais confiante. ela ripostava, baseando-se em experiências passadas e em como se poderia estar a pôr em causa 30 anos de carreira de provas dadas. depressa a situação resvalou para um quase conflito. a sua base factual era em coisas que tinham corrido mal, desvalorizando as positivas.

desafiei-a com uma pergunta que me pareceu muito poderosa, se não acreditava nas competências do colega (o tal dos 30 anos de carreira) para realizar o assessment com sucesso, ao que me respondeu “claro que sim, mas estava uma pilha de nervos com isto” e havia um erro de comunicação, que as coisas que foram explicadas antes não eram as de agora, blablablabla, até chegar a um caso pessoal. aí percebi que, afinal, o que estava na base deste comportamento era a tal situação pessoal e a falha de comunicação que aí tinha acontecido. a questão afinal é a comunicação.

acontece ainda que, na sua área, pelas suas palavras, toda a equipa está em polvorosa com esta situação. passou então para a descrição do território – a área nova de trabalho não tem luz natural e tudo isto junto os está a deixar com um péssimo ambiente e humor.

muito interessante observar e aprender com tudo isto!
[e observar também como ainda continuo um pouco irritada com a situação e o meu ritmo cardíaco acompanha...]
tive necessidade de partilhar  a situação com a minha chefe para que possa acompanhar mais de perto o assessment, de forma a fomentar a tranquilidade possível nos participantes, uma vez que geograficamente está próxima.  ela chegou a uma conclusão muito interessante….  se calhar a s. também queria estar neste grupo…

e agora, qual a minha escolha?
não sei bem por quê, esta pessoa sempre me fez alguma “comichão”, deixando-me com um sentimento pouco positivo em relação a si. intuição, talvez? ou sinto que exponho as minhas fragilidades? pessoalmente, tenho que trabalhar esta questão....

parece-me que quer transparecer mais do que aquilo que é, ou do que está convencida que é. tanto adota posturas de menina mimada, como parece dona de todas as razões, demonstrando uma atitude bruta e agressiva. a questão é que é uma fazedora de opinião e projeta o departamento em que eu trabalho (e onde já trabalhou) como uma espécie de “inimigo”. agora questiono se ela  será tão influente assim…. terá mesmo a credibilidade que julga que tem?

também estou com a crença enraizada de que esta pessoa não me aprecia por aí além, nem me reconhece competências, o que acaba por limitar a minha capacidade de influência. 

é minha escolha a forma como vou lidar com isto:
  • aceitando esse facto e evitando o contacto ao máximo?
  • ou promovendo mais oportunidades de interacção em terreno neutro, em que não se fale de trabalho?
  • talvez tenha que trabalhar o grupo em que ela se insere e focar-me em ser eu a influenciá-lo, em vez do contrário.
  • tentei ainda uma visão de helicóptero sobre a situação (embora hoje não esteja a ser fácil) e
  • decidi aceitar este com um objetivo pessoal. 

até lá, uma certeza: há uma coisa tão ou mais importante quanto a competência, chama-se atitude.

entretanto, e após relatar esta experiência aqui no blogue, reconquistei o domínio da minha fisiologia :)

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